A interpretação nos tempos do falasser


por Antônio Teixeira (mais um)

Cartel: Andréa Eulálio, Cleyton Andrade, Fernanda Costa, Gilson Iannini, Graciela Bessa, Lúcia Grossi, Renata Dinardi e Sérgio de Mattos.

Dyana Santos, Sobre o Mundo, Os Homens, 2012-2013

Ao nos reunirmos para preparar este relatório, orientados pelo título proposto pela comissão organizadora, tentamos pensar como a interpretação se articula à dimensão do falasser, termo forjado por Lacan na última fase de seu ensino para se referir ao que antes era indicado pelo sintagma “sujeito do inconsciente”. Essa alteração não se limita, como todos bem o sabem, a uma simples mudança de designação. O que está em questão na substituição pelo termo parlêtre do que se chamava “sujeito do inconsciente”, na fase dita estruturalista de sua doutrina, resulta de uma constatação que se impõe na experiência clínica, a propósito do estatuto do significante. A saber, que o significante não se reduz, como fazia crer a ciência linguística, ao puro elemento diferencial de um sistema simbólico, destituído de propriedade intrínseca, do qual o sujeito emerge como um referente vazio. O significante na verdade comporta uma positividade, um efeito de gozo que se manifesta em sua ressonância sobre o corpo do ser falante e que, por ressoar, o afeta no nível não somente formal, mas predominantemente pulsional da linguagem. Diante disso, para operar sobre esse efeito ressonante do significante sobre o corpo do falasser, a interpretação deve ir além do que seria a revelação de uma significação sexual oculta na fala do sujeito. A interpretação comporta algo que se aproxima da dimensão corporal, no sentido em que interpretar implica aliar a palavra ao gesto que indica, para o falasser, o núcleo pulsional do sintoma como condição traumática de gozo que habita o seu sofrimento.

É bem verdade que a percepção de que a interpretação não se reduz à explicação de um sentido oculto já se encontrava formulada por Freud (1910/2018), em seu escrito “Sobre a psicanálise selvagem”, de 1910. Assim como Espinosa (2009) afirmava, na proposição 7 do livro 4 de sua Ética, que não se pode modificar um estado afetivo pela simples compreensão mental de sua representação, Freud há muito nos advertia que a elucidação intelectual do sentido recalcado teria, sobre o sintoma, o mesmo efeito que a leitura de um cardápio para um sujeito faminto. Visto que a ação do recalque diz respeito à representação de uma satisfação que o analisante se recusa a admitir, só é possível conduzir o sujeito ao conteúdo recalcado pela via de um outro afeto determinado pelo vínculo do amor transferencial, que lhe permite substituir sua paixão original de ignorância pelo desejo de saber.

A ideia, portanto, é que se a interpretação comporta uma dimensão de sentido, relativa à verdade sexual do desejo inconsciente, para operar ela precisa se aliar à promessa de satisfação semântica promovida pelo amor transferencial. É nesse sentido que Jacques-Alain Miller (2009, p. 68) se permite dizer que para dar início à experiência psicanalítica, necessitamos criar o Inconsciente por meio da dimensão semântica da interpretação. Ela se estabelece a partir da dialética transferencial que permite ao analisante decifrar, por meio da construção da narrativa de sua história individual, o porquê de seu sintoma aparentemente absurdo, assim como dos seus sonhos e atos falhos, cuja razão de ser se desvela nas significações ocultas que o determinaram, sem que ele soubesse, e apontam para a verdade do inconsciente como algo distinto das representações identificatórias em que ele antes se reconhecia como “Eu sou”.

Mas isso não basta. A experiência psicanalítica não se resolve pela via das múltiplas interpretações de sentido, nem tampouco se conclui através da desestabilização transferencial das identificações que conduz à produção da verdade do desejo inconsciente como falta-a-ser. Embora a criação do inconsciente transferencial, pela via da interpretação semântica, seja uma condição essencial para o início de uma psicanálise, ali permanecer significa ficar, como diz Lacan (1967-1968) em seu seminário sobre o Ato, no deixar rolar da análise infinita que deixa intocado o núcleo real do sintoma. Pois o que está em questão – para além da multiplicidade dos sentidos interpretativos e das narrativas que o sujeito constrói, pela dialética da transferência, para tentar desvelar o porquê ou a razão de ser do seu sintoma –, diz respeito à dimensão do real que ali se manifesta como algo que não se dialetiza nem tampouco apresenta porquê ou razão de ser. Sua opacidade revela-se no nível de um circuito pulsional encerrado sobre si mesmo, fechado a toda dialética, o qual diz respeito à incidência contingente, sobre o seu corpo, de uma declaração significante traumática, igualmente desprovida de razão de ser. O real se manifesta nessa palavra sem resolução semântica, que ressoa sobre o corpo do ser falante e da qual ele procura se defender.

Assim sendo, embora, em sua dimensão semântica, a interpretação se coloque como um dizer apofântico, no sentido de um proferimento que revela, para o analisante, a causa do desejo que anima sua enunciação, no momento em que ela toca no ponto do real sem lei, do real sem razão de ser, a revelação do sentido não tem mais pertinência. Diante desse elemento heterogêneo que aponta para um lugar vazio no campo da linguagem, a revelação do sentido não tem valia, diz ainda Jacques-Alain Miller (2009), posto que nenhum predicado convém ao real ao qual essa via conduz. A interpretação somente comporta alguma eficácia sobre esse elemento heterogêneo do sintoma se ela se ligar a uma dimensão distinta do sentido produzido pela linguagem.

Ao lermos, então, um comentário recente de Éric Laurent sobre o tema da interpretação (LAURENT, 2021, p. 171), não podemos deixar de notar como se articulam, em relação a esse vazio central da linguagem, o ultimíssimo Lacan do seminário 24, que propõe fazer ressoar a interpretação no nível corporal de uma jaculatória, ao primeiríssimo Lacan da abertura do seminário 1, que se vale da referência à técnica zen do mestre budista, na qual o discurso cede lugar ao gesto sarcástico de um pontapé para indicar a verdade quando o aluno está a ponto de encontrá-la (LACAN, 1979, p. 9). Mas seja qual for o valor a ser dado a essas periodizações, cumpre notar que o interesse inicial de Lacan pela técnica de intervenção do mestre Zen – ao qual retornará em vários momentos, para aproximá-la finalmente da intepretação por ocasião do seminário 20, em seu comentário sobre o budismo como renúncia ao pensamento  (LACAN, 1972-1973/1985, p. 104) 2 -, diz respeito a essa necessidade, que para a psicanálise se impõe, de articular a dimensão do real como sem porquê à assunção subjetiva de seu vazio semântico. Assim como a dimensão do clarão, evocada na técnica Zen – e relida a partir do comentário de Heráclito por Heidegger, em seu escrito sobre o fragmento 50 (HEIDEGGER, 1997, p. 202) –, manifesta-se como condição transcendental que permite ver de súbito o ambiente sem dele fazer parte, o real que se coloca no horizonte da psicanálise é o que permite discernir a singularidade do falasser, sem, contudo, fazer parte dos predicados que o determinam.

Importa, nesse sentido, salientar, conforme nos indicaram Cleyton Andrade e Sérgio de Matos em nossos primeiros encontros, que se a dimensão de vacuidade promovida pela meditação oriental interessa a Lacan, é na medida em que, no lugar de responder a qualquer tipo de demanda sujeito, ela o permite revogar como ilusórias as representações discursivas que ligam os objetos de sua demanda às suas identificações. É nesse exato sentido que o pontapé do mestre Zen, assim como o uivo ou a jaculatória e o impasse semântico do Koan, ali são modos de desfazer essas ilusões das demandas articuladas aos predicados identificatórios, para liberar o si mesmo no próprio nível de sua destituição subjetiva. Nesse ponto se situa o limite que o psicanalista pode colocar na fala virtualmente infinita do paciente, mediante a localização, indicada por Éric Laurent (2021, p. 175), de um “é certo que isso não quer dizer nada” que reduz, no fechamento de seu circuito pulsional, a tagarelice discursiva do significante ao silêncio literal da fórmula escrita.

Mas se o ponto de incidência da interpretação assemântica diz respeito ao que, na fala do sujeito, aponta para o vazio discursivo de uma fórmula sem porquê, isso não nos exime de proceder ao cálculo relativo ao modo – assim como ao momento – de nossa intervenção interpretativa. É como se estivéssemos conduzidos a formular paradoxalmente o porquê desse sem porquê para alcançar o cálculo da interpretação. Do ponto de vista de sua localização discursiva no campo do Outro, Lacan nos ensinava que o sujeito dali recebe sua mensagem invertida, conforme se vê no exemplo clássico citado no seminário 3, em que ao enunciar a alguém “tu és meu mestre”, eu dele recebo a mensagem “tu és meu seu discípulo” (LACAN, 1955-1956/1988, p.306 e 362). Isso, porém, supõe a crença no Outro como lugar de regulação simbólica de uma racionalidade discursiva. O panorama que se abre, todavia, com a dimensão de ressonância corporal do Outro como instância do real sem regulação simbólica, no último Lacan, nos convoca, no dizer ainda de Éric Laurent, a reformular essa noção para conceber o sem porquê do sintoma como resposta do falasser à mensagem que lhe chega do Outro, de forma invertida (LAURENT, 2021, p. 182), na forma, dessa vez, de uma declaração traumática que se impôs, em algum momento de sua história, de modo arbitrário, carente de regulacao simbólica, sem que ele pudesse entender a sua razão de ser.

O real, portanto, da palavra que fere, que dá título à conferência acima citada de Jacques-Alain Miller, diz assim respeito à incidência traumática de uma declaração significante que afetou o corpo do ser falante e nele continua a ressoar, sem lhe dar meios de articular uma pergunta sobre o seu porquê. É o que notamos no caso de uma jovem que se achava preferida por seu pai, a quem tentava sempre agradar, mas que no dia em que, ainda menina, se enfeitou minuciosamente para visitá-lo no bar em que trabalhava, surpreendeu-se com a reação enfurecida com que ele a expulsou brutalmente, contrariado, sem que ela o soubesse, com os olhares indecorosos dirigidos a ela pelos frequentadores do seu comércio. Ao sintoma de tensão muscular recorrente produzido pela ressonância corporal do brado “saia daqui” que ela escutou perplexa, sem entender o porquê, sua analista, que me trouxe o caso em supervisão, respondeu, numa longa risada, olhando para seu vestido, com a jaculatória “mas que bela saia”, gerando, através da irresistível gargalhada produzida por esse equívoco sonoro, um efeito de alívio sobre sua inibição.

Se existe, nesse sentido, uma eficácia que pode ser atribuída a esse novo uso do significante que tem o poder de apagar o sintoma, como afirma Éric Laurent, em sua leitura do seminário 21, ela deve ser atribuída a uma contra-ressonância desse modo de intervenção. Uma psicanálise nessa perspectiva consiste, conforme elucida Jacques-Alain Miller, em isolar a palavra que fere no discurso do ser falante, dando lugar à interpretação como uma operação que, por sua vez, permite dissolver corporalmente essa declaração, por meio de outra ressonância igualmente contingente, em catexias colaterais menos traumáticas, conforme assinalou Gilson Iannini. O exemplo clássico, já citado várias vezes nos seminários preparatórios anteriores, é a intervenção por meio da qual Lacan busca transformar a terrível incidência da palavra Gestapo, de quem sua paciente recebia visitas diárias na madrugada, durante a ocupação francesa, na carícia de um geste-à-peau, dando assim a esse significante um destino diferente daquele que a deixava extremamente angustiada.3 A interpretação é nesse sentido comparável, para retomar outra feliz metáfora de Jacques-Alain Miller  (2002), ao ato de enviar antimísseis de linguagem para pulverizar os enunciados que fazem o sujeito sofrer.

O exemplo clínico trazido por Andréa Eulálio, de sua paciente Bia, ilustra claramente em que sentido a palavra do analista pode operar como antimíssil. O interessante no seu caso, que recebeu, da parte de seu pediatra, o diagnóstico de hiperatividade, é que Bia se apresenta numa espécie de profusão pulsional permanente. É uma menina de oito anos que se agita, que mastiga os cabelos, que apresenta acessos constantes de raiva, num comportamento insolente e desafiador de quem não tolera limites e somente faz o que lhe dá prazer. Chegando ao analista, ela fala ininterruptamente, mas sem querer significar algo com seu dizer. Para encontrar algum lugar de endereçamento, sua analista tenta se introduzir como avatar de uma jogadora de Roblox, personagem de um jogo eletrônico a que Bia estava acostumada com o qual uma narrativa se estabelece. Não passa desapercebido à analista que Bia se serve comicamente, durante o jogo, de uma prosódia carregada com o sotaque nordestino do pai, ao qual ela se refere com ironia e desfaçatez, respondendo a analista responde com o mesmo sotaque, passando em seguida a uma lalação em francês para finalmente chegar a uma fala em inglês, sempre acompanhada de sua analista.

Ao final, então, de uma sessão, encerrada por sua analista com a locução “see you later”, Bia indaga, com visível excitação, “você está no cio?”, pergunta que a analista lhe devolve ao mesmo tempo em que a encaminha até a porta e, no momento em que ela faz menção de voltar, a empurra com firmeza para fora da sala. O interessante é que, depois disso, a agitação de Bia parece se dissipar, ela chega surpreendentemente tranquila e uma série de perguntas começa a se articular. Ao se referir a uma figura e dizer “olha, é um gay”, ela agora prossegue numa explanação semântica de que “um gay é um homem que gosta de outro homem”, e daí por diante. A fala deixa de ser pura vociferação dirigida ao “sem-razão” do pai, e passa, então, a articular um significante com outro significante, na tentativa de produzir sentidos discursivos sobre o enigma da sexualidade que antes lhe agitava o corpo.

Importante enfatizar que o “see you later”, que ela escuta como “cio later”, só funciona como um antimíssil na medida em que sua analista o faz ressoar com o gesto de contenção no corpo de sua paciente. Outro exemplo paradigmático desse efeito antimíssil da palavra se encontra testemunhado por Caetano Veloso (1997), em sua autobiografia, na passagem Narciso em férias, do livro Verdade tropical, convertida num excelente filme documentário pelo cineasta Renato Terra  (2020). O sem-razão, no caso de Caetano, não é o personagem do pai débil que privava Bia de articular uma significação sobre o sexual. O sem-razão para ele se apresenta na ferocidade do Outro sem lei, representado pela figura obscena do estado ditatorial que separa o artista de seus laços sociais e o pune por algo que ele efetivamente não fez: ter cantado o hino nacional em versão paródica. Em resposta à exposição do corpo aos caprichos cruéis de uma autoridade sem lei, o jovem cantor se empenha a construir um registro de sentido comparável a um verdadeiro sistema delirante, em que cada acontecimento aleatório era interpretado como signo do que lhe iria acontecer. Sua realidade se insere num jogo de adivinhação, conforme ele mesmo nos diz em seu relato autobiográfico:

Eu tinha desenvolvido um cada vez mais complicado sistema de sinais e de gestos mágicos. E uma monstruosa sensibilidade para interpretar os sinais, aliada a uma não menos monstruosa imaginação para criar os gestos […]. Eu agora percebia que um esquema de números, imagens e perguntas era capaz de me dar acesso ao conhecimento do que estava por vir, se lido com perícia. Assim, no meu esquema, o pior sinal era ver uma barata – o pior gesto (que não fiz até sair dali), masturbar-me. Por outro lado, matar uma barata (ato em princípio quase impossível) significava que eu avançaria na direção da liberdade com sofrimento, enquanto a audição de certas canções assegurava surpreendentes boas novas… (VELOSO, 1997, p. 270-272)

Uma mântica vem suprir, como se percebe, toda uma carência de ordenação semântica. E no final de sua prisão, ao chegar em Salvador, quando ele se vê finalmente liberto, quando ele finalmente pode habitar algum espaço simbolicamente regulado, a ausência pontual de seus familiares provocada pelo incidente na comunicação de sua chegada faz novamente ressoar em seu corpo a ameaça de dissolução que lhe chega do Outro sem lei e se traduz na dolorosa experiência de despersonalização. E é nesse momento que seu pai, ao vê-lo completamente transtornado, faz soar a jaculatória precisa como o antimíssil que atinge a violência do Outro com a violência reguladora de sua lei, devolvendo-lhe um pouco de realidade no brado que restitui ao significante sua possibilidade de ressignificar…

 

NOTAS 

1 Texto escrito a partir do trabalho do Cartel “A interpretação no tempo do falasser”, composto por trabalhos do mais-um Antônio Teixeira (relator) e dos demais integrantes: Andrea Eulálio, Cleyton Andrade, Fernanda Costa, Gilson Iannini, Graciela Bessa, Lúcia Grossi, Renata Dinardi e Sérgio de Mattos. Trabalho apresentado na segunda Terceira preparatória da 25ª Jornada da EBP-MG.

2 Além das passagens acima mencionadas, Sérgio de Mattos localiza a referência à técnica do mestre no seminário 3 (As psicoses), assim como nos seminários 12 (Problemas cruciais da psicanálise), 13 (O objeto da psicanálise) e 14 (A lógica da fantasia). 

3 Referência ao documentário Rende-vous avec Lacan. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=9Xvfb8mpp18>. Acesso em: agosto. 2021

 

REFERÊNCIAS

ESPINOSA, B. Ética. Belo Horizonte: Autêntica, 2009.

FREUD, S. “A psicanálise “selvagem” (1910). In Observações sobre um caso de neurose obsessiva [“O homem dos ratos”], uma recordação de infância de Leonardo da Vinci e outros textos (1909-1910). São Paulo: Companhia das Letras, 2018.

HEIDEGGER, M. “Logos (Heráclito, fragmento 50)”. In: Ensaios e conferências. Petrópolis: Editora Vozes, 1997.

LACAN, J. O Seminário, livro 1: Os escritos técnicos de Freud (1953-1954). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1979.

LACAN, J. O seminário, livro 3: As psicoses. (1955-1954). Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.

LACAN, J. Le séminaire livre 20 : Encore. (1972-1973). Paris : Seuil, 1973.

LACAN, J. Le séminaire, livre XV : L’Acte psychanalytique. 1967/1968. Seminário inédito.

LAURENT, É. “A interpretação: da verdade ao acontecimento”. Curinga, Belo Horizonte, EBP-MG, n. 50. 2021.

MILLER, J.-A. “A palavra que fere”. Opção lacaniana, São Paulo, EBP, n. 56/57 2009.

MILLER, J.-A. « Vous avez dit bizarre ». Quarto, Bruxelles : Agalma, n. 78, 2003.

TERRA, R. Narciso em férias. Documentário, 104 min. 2020. Disponível em: <https://globoplay.globo.com/v/8836951/>.

VELOSO, C. Verdade tropical. São Paulo: Companhia das letra, 1997.

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