EDITORIAL – Ecos 4

por Patrícia Ribeiro


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A interpretação nos tempos do falasser

por Antônio Teixeira (mais um)


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Sexo como acontecimento

por Suzana Barroso (mais um)


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Não há uma estética do gozo

por Miquel Bassols


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por Ana Helena Souza


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Aceitamos o amor que acreditamos merecer

por Márcia Mezêncio


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por Cristina Drummond


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Ecolalias

Playlist


THE BLACK RIVER (1991)

Apresentado por Juliana Meirelles

Gavin Bryars é compositor e contrabaixista inglês. Trabalhou com jazz, improvisação livre, minimalismo, historicismo, vanguarda e música experimental. A peça Black River faz parte de uma série de obras que tomam textos ou imagens da obra de Julio Verne. Aqui o texto é retirado de 20.000 mil Léguas Submarinas, uma seção na qual o Professor Aronnax descreve a cena fora do Nautilus, onde inúmeras variedades de criaturas marinhas escoltam o submarino ao longo da corrente do misterioso Rio Negro subaquático. A peça foi escrita para um concerto dado pelo organista Christopher Bowers-Broadbent na Catedral de Lancester em janeiro de 1991 e posteriormente gravada por ele com a soprano Sarah Leonard para ECM New Series em 1993.

Pichação


Obra: Arthur Barreto Garrocho

Recitação


Vídeos


GAGA, O AMOR PELA DANÇA

Direção: Tomer Hayman

Apresentado por Juliana Meirelles

A linguagem do movimento GAGA foi criada por Ohad Naharin, ex-dançarino de Martha Graham e diretor artístico da Batsheva Dance Company em 1990. Os alunos de Gaga improvisam seus movimentos com base na experiência somática e nas imagens descritas pelo professor, o que fornece uma estrutura que promove o movimento não convencional.

Bibliografia


Projeto AE Né Trem Lá Vem Bibli Uai

Comissão de Bibliografia da XXV Jornada – EBP-MG

Citações


Dyana Santos, Raízes, da série Pó de Estrelas, 2012

MILLER, Jacques-Alain. Os seis paradigmas do gozo. Opção Lacaniana Online, [s. l.], ano 3, n. 7, p. 1-49, mar. 2012. Disponível AQUI. Acesso em: 23 ago. 2021.

“Lacan estruturou o inconsciente da mesma maneira que alguma coisa no aparelho do corpo, da mesma maneira que uma zona erógena, como uma borda que se abre e se fecha.” (MILLER, 2012, p. 18)

 

“É preciso ainda introduzir as propriedades do corpo sexuado, particularmente sua mortalidade, sua relação como Outro sexo, sua individualidade, e através disso, o que é trazido por Lacan como uma perda de vida que comporta, como tal, a existência do corpo do sujeito” (MILLER, 2012, p. 22)

 

“Há um corpo que fala. Há um corpo que goza por diferentes meios, o lugar do gozo é sempre o mesmo, o corpo.” (MILLER, 2012, p. 45)

 

A relação sexual não existe quer dizer que o gozo provém como tal, do regime do Um […] ao passo que o gozo sexual […] possui o privilégio de ser especificado por um impasse, quer dizer, por uma disjunção e por uma não relação.” (MILLER, 2012, p. 47, grifo no original)

 

“[…] o transcendental da estrutura. Transcendental quer dizer, exatamente, o que condiciona a experiência, as fronteiras que são colocadas em toda experiência possível. […] A estrutura comporta furos e, neles, há lugar para invenção, para algo de novo, para os conectores que não estão ali desde sempre.” (MILLER, 2012, p. 48)

LEGUIL, Clotilde. O ser e o gênero: homem/mulher depois de Lacan. Belo Horizonte: EBP Editora, 2016.

“O gênero, em psicanálise, é concebido para além dos determinismos anatômicos ou sociológicos. Se, em matéria de gênero, há determinismo, este é de ordem psíquica e inconsciente.”  (LEGUIL, 2016, p. 90)

 

“A perspectiva do inconsciente permite situar a relação do sujeito com sua vida sexual em outra cena que não as da anatomia e da construção social.” (LEGUIL, 2016, p. 91)

 

“A perspectiva do inconsciente faz então do sexo o lugar de um questionamento, que conduz o sujeito a inventar sua própria relação com o gênero, a partir de sua experiência do desejo. As categorias de homem e de mulher, em psicanálise, não são tanto normas, mas, antes, o resultado de um percurso subjetivo do ser falante a partir de seu próprio interesse em seu desejo.” (LEGUIL, 2016, p. 95)

BASSOLS, M. O objeto (a)ssexuado. In: Opção Lacaniana online nova série, Ano 7. n. 21, 2016. Disponível AQUI

“Efetivamente, a significação do falo, seja por sua presença ou por sua ausência, continua sendo aquilo que introduz a diferença no continuum do real do sexo, e o que dá ao objeto sua significação sexual para o sujeito. A multiplicidade dos chamados gêneros, índice de novas identificações, não poderia ser entendida sem sua referência à multiplicidade das significações do falo, aos seus véus e desvelamentos para significar o desejo. Na falta dessa significação, é o corpo do sujeito que virá a ser o suporte no real da diferença impossível de simbolizar. O resultado é uma espécie de transformação contínua de um corpo em outro que aboliria a diferença (…).” (BASSOLS, 2016, [s. p.])

 

“Se consideramos agora mais de perto os novos simulacros da sexualidade e seus objetos, vemos que essa disjunção entre o significante do falo e o gozo do corpo aparece de modo mais claro: a significação fálica vinculada ao desejo do Outro tende hoje a separar-se cada vez mais dos fenômenos de gozo do corpo considerado como um gozo autista, separado do Outro.” (BASSOLS, 2016, [s. p.])

 

“Estamos agora em outro registro distinto do registro do significante do falo como significante do desejo do Outro que dava significação sexual a esse desejo e a seus objetos; estamos no registro do gozo autista, do gozo Uno que não implica o Outro. No lugar desse Outro, o que o sujeito encontra é o objeto que está no núcleo de seu gozo mais ignorado e que é finalmente um gozo assexuado, que não está significado pela diferença sexual. É esse objeto o que importa realmente na experiência analítica quando é levada ao seu final e é o objeto que faz par com o Uno do gozo no sintoma do sujeito.” (BASSOLS, 2016, [s. p.])

 

“Desde este paradigma, a clínica analítica não é uma clínica das identificações normativas, onde há tantos gêneros sexuais quanto uns possíveis queiram se propor. A clínica analítica é uma clínica da escolha do sujeito causada pelo objeto a, que é um objeto (a)ssexual, um objeto sem Outro, fundado no Um do gozo.” (BASSOLS, 2016, [s. p.])

por Rodrigo Almeida e Tatiane Costa

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Citação comentada


Dyana Santos, Raízes, da série Pó de Estrelas, 2012

Adolescência, gênero e acontecimento de corpo: breve comentário a uma citação

por Rodrigo Almeida

FAJNWAKS, Fabian. Lacan e as teorias queer: mal-entendidos e desconhecimentos. In: SANTIAGO, Ana Lydia et al. Mais além do gênero: corpo adolescente e seus sintomas. Belo Horizonte: Scriptum, 2017. p. 22-40.

A clínica com adolescentes evidencia o momento de conflito entre os ideais, as mudanças corporais e seus efeitos, imaginários e simbólicos, na construção do corpo, assim como a queda das identificações e a construção de sua própria identidade. Se antes a diferença sexual e o binarismo homem/mulher serviam de bússola para o sujeito, as questões de identidade e de gênero vêm, de certa maneira, reorganizar o conjunto dos discursos. Recebemos cada vez mais sujeitos que interrogam sobre o gênero e suas identificações.

Fajnwaks (2017) localiza a adolescência como lugar privilegiado das transformações do falasser em que é interrogada a própria dimensão do que se inscreve no corpo.

 

A adolescência é o terreno privilegiado onde têm lugar essas transformações, onde o acontecimento de corpo, por ela mesma constituído, obriga o falasser a se interrogar sobre a própria inscrição no corpo, nesse corpo que pode se lhe tornar estrangeiro por momentos e com o qual o jovem falasser deverá negociar para poder habitá-lo (FAJNWAKS, 2017, p. 38).

 

A ideia do falasser aponta para a relação do sujeito com o corpo e com o gozo; o Outro não é mais o lugar das identificações, em seu lugar está o corpo, o corpo próprio, corpo e gozo se conjugam na identidade daquele que fala. O ser sexuado do falasser é o que faz enigma, como seres falantes frente à impossibilidade de se identificar com o corpo. O falasser vai sempre criar uma gambiarra, uma espécie de colagem, montagem diante do gozo, partindo sempre do singular na construção do corpo. Podemos dizer que aí está a negociação feita pelo sujeito para habitar o corpo que lhe é estrangeiro, conforme nos diz o autor.

Sabemos que identidade não é um termo da psicanálise, mas que dá um certo enquadramento a cada um no que se articula com a realidade. Num percurso de análise, podemos dizer que as identificações que são fornecidas pelo Outro e fornecem significantes que nomeiam identidade caem como as peles da cebola. Sabemos que, ao procurar uma análise atualmente, alguns adolescentes localizam algo que faz vacilar a identidade portada pelo falasser, interrogando a sua inscrição em seu corpo.

Entre o que há de êxtimo no falasser e a inquietante estranheza, cabe ao analista, pautado pela ética da psicanálise, estar atento ao singular ao acolher a forma como o falasser se apresenta, interrogando sua dimensão de sintoma na direção do tratamento. A diferença sexual não se inscreve no inconsciente, mas é na relação com o inconsciente que o sujeito situa sua vida sexual numa outra cena, não se limitando, assim, à questão da anatomia e das normas sociais.

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Agradecimentos

Nossos agradecimentos à artista Dyana Santos pelo uso das belas imagens que ilustram o Boletim 4.

Dyana Santos, é uma artista-pesquisadora nascida em Belo Horizonte (MG), cidade em que vive e atualmente trabalha. Doutoranda, Mestre em Artes Visuais e bacharel em pintura – com continuidade de estudos em escultura – pela Escola de Belas Artes da UFMG. Suas pesquisas imagéticas contemplam principalmente esculturas, objetos, instalações, pinturas e desenhos e algumas já conquistaram prêmios aquisitivos, como: o 1º Lugar no 16º Salão Nacional de Arte de Jataí e no VII Salão Itabirito Regional; participando de exposições em Contagem, Belo Horizonte, Nova Lima, Sete Lagoas/MG, e Jataí/GO. Em suas práticas artísticas, busca suscitar questionamentos e reflexões acerca das intersecções entre o sistema neoliberal, colonial, patriarcal e o gênero, sob a perspectiva de suas próprias vivências.