Editorial


por Henri Kaufmanner

Bem-vindos ao ECOS 2, nosso boletim que ressoa o trabalho de construção das XXV Jornadas da Seção Minas/EBP.

Neste número encontrarão o texto de Lilany Pacheco, Mais Um do cartel do Eixo 1 da jornada: Fazer-se um corpo que, em seu working progress, já reverbera como foi nossa primeira Conversação Preparatória. Na conclusão de seu texto, Lilany reforça a ideia de que a incidência de alíngua em cada corpo, produz ressonâncias singulares e contingentes em cada falasser. Isso pode ser verificado na discussão dos casos apresentados durante a conversação. Tal observação é também um convite a que nossa comunidade analítica participe destas nossas conversações preparatórias, pois há algo desse real contingente, que acontece em cada conversa, que não se escreve no boletim.

Seguindo, ECOS 2 nos apresenta uma gama de trabalhos que ajudam a encorpar ainda mais nosso tema, apontando também caminhos para a segunda Conversação Preparatória: A transferência e o corpo do analista.

Angelina Harari nos leva ao momento inaugural da psicanálise, quando Freud se via diante das histéricas, assinalando que o enamoramento, como fato transferencial, inaugura essa experiência com a qual nos ocupamos até hoje. Lembra Angelina que a análise se faz aos pares e que para ser analisante é preciso consentir que, do psicanalista, venha algo que perturbe sua defesa.

No relato de sua análise, Paola Bolgiani nos apresenta momentos distintos, dividindo em tempos lógicos sua experiência de análise. A cada tempo um ”despender”. Comentando seu relato, Éric Laurent assinala; “seu relato nos ensina os paradoxos daquilo que nomeamos de Sujeito Suposto Saber”.

A comissão de Bibliografia nos traz citações que nos ajudam a localizar o analista e a transferência, bem como referências bibliográficas que podem ajudar no trilhamento dessa investigação.

Seguindo pela Comissão de Bibliografia nossa ex AE, Ana Lydia Santiago, escreve sobre um acontecimento de corpo em sua análise que remete aos destinos do objeto a e, em video , nossa AE em exercício, Tania Abreu, no frescor de sua recente nomeação, relata dois acontecimentos de corpo definidores  na conclusão de sua análise.

Poderão ainda ler nas resenhas feitas por Maria de Fátima Ferreira, Rodrigo Almeida e Samyra Assad, dos textos de Laurent Dupont, Alain Merlet e Laure Naveau, um interessante mosaico de diversas leituras de acontecimento de corpo.

Lucíola  Macêdo em seu texto aborda a dimensão do gozo místico, mais além da religião. Ela nos lembra do reposicionamento de Lacan sobre o gozo feminino que diz respeito, fundamentalmente, a esse “corpo que se goza”. O gozo feminino é um “puro acontecimento de corpo” o que se desvela na experiência mística: um gozo extático, um turbilhão. Em certo contraponto a este turbilhão, Cristiana Pittella nos apresenta a arte de Ernesto Neto, uma arte fora do espelho, um SKbelo, algo menos grandioso, mais ordinário e modesto, que permite um uso do corpo fora do sentido. Uma arte que acontece a partir dos restos do corpo.

Amarrando tudo isso, as Ecolalias seguem com a contribuição de nossos colegas na lalação asemântica nos sugerida por Lacan. Temos uma segunda versão do Tru-no-Ar, uma sonoridade  grave que acontece no corpo, como nos explica Sergio de Mattos e também, a bela composição Nanquin, do Dj Dolores, remanescente do movimento Manguebeat e que nos contempla com uma agradável entrevista.

Visualizem, leiam , escutem, deixem que seus corpos ressoem, enfim, vivam o ECOS 2. Aproveitando toda essa vivacidade façam já suas inscrições nas XXV Jornadas da Seção Minas/EBP: Acontecimento de Corpo: da contingência à escrita.

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