Ecolalias > Playlist

Tru-no-Ar


por Sérgio de Mattos

Apresentação

O eco é a voz do invisível. No eco o emissor não se encontra. Pascal Quignard especula que as cavernas paleolíticas não são santuários de imagens, mas grandes instrumentos musicais, ressoadores. “O eco é o guia de referência na obscuridade silenciosa onde eles penetram e onde buscam imagens.” [1]

Nossa pequena equipe animou-se a produzir pequenos sketches que ressoassem o fato de que as sonoridades das palavras, tons, inflexões musicais, configuram um gozo necessário para a instauração do simbólico no corpo. LOM.

Formado por Ana Paula Oliveira, bailarina que integrou os principais grupos e cias de dança, entre eles os do Palácio das artes e do Grupo Corpo. Graduada em Direito, Ana Paula atua no campo das artes pela Apu Produções. É realizadora de performances e estudante de psicanálise no IPSM-MG.

Marina Del Papa é Graduada em Psicologia pela PUC-MG, com Mestrado em Estudos Psicanalíticos pela UFMG. Estudante de psicanálise no IPSM-MG. E estudante de canto.

Patrícia Bizzoto é Bacharel e Mestre em Filosofia e Artista. Trabalha nos limites da música de concerto contemporânea, como compositora e performer, e com trilhas sonoras para dança teatro e vídeo. Faz análise há muitos anos, o que contribui para a manutenção de seu interesse e admiração pela clínica psicanalítica; tem trabalhado, entre outras coisas, o conceito de separação (mesmo que seu analista possa vir a discordar disso).

Sérgio de Mattos é Psicanalista Membro da EBP-MG, AMP, coordenador do Tru-No-Ar e responsável pela bateria na composição.

Inspirados no nome deste Boletim “Ecos” e nos fonogramas multissemânticos de Lacan, como “l`on lá, l`ón, lòn là de làir, lón l`aire, de l`on l`a” ou LOM, LOM de base, LOM cahun corps et nan-na Kun, nosso primeiro sketch experimental improvisou com vozes, sonoridades e um ritmo corporal e marcial (baseado na antiga peça para snare drum, three camps -1799- um toque de despertar nos acampamentos) como uma parada de sons e ecos e uma abertura por onde a voz de Lacan viaja anunciando onde vamos parar com os significantes, o equívoco, mais precisamente calembour, em francês, jogo de palavras baseado na semelhança de sons e de diferentes sentidos.
Após uma conversa sobre a atmosfera sonora que desejávamos passar, enviamos sons de voz, de batidas no corpo, e tambores para Patrícia, que os compôs na peça que poderão ouvir: Ecos XXI

 

[1]  Quignard Pascal. La haine de la musique. Gallimard. Éditions Calmann-Lévi, 1996, p. 148-149.